Pedacos de nao-nada

Os olhos no metro de Londres nao tem cor nem vida. Vao vazios. Vazios vazios.

Nao tem nada dentro, nada. Nem filhos, nem amores, nem casas mais tarde (ao final do dia), nem jantares com a familia, nem um jornal a lareira; nem uma garrafa de vinho, ou um cha quente, ou o proximo fim-de-semana na neve. Nada.

So um vazio transparente, um bater de rodas nos carris. Tum-tum, tum-tum.

Chiar de travoes.

Saem. Entram.

Olhos ocos, no chao, no tecto. Nos outros olhos, que tambem nao veem.

Milhares de olhos, de pescocos curvados, de baladas no iPod. E um calor sufocante a garantir que afinal ha respirar.

Milhares de robots, de carne quente, esmagados, anonimos, anonimados. Inanimados. Pedacos de gente.

Pedacos de Coisa.

Nao ha vida, no metro de Londres. So Quimica e Fisica. Ou nao-fisica, porque está muito cheio, ja nao ha espao para mais nada. Nao-fisica, nao-quimica, nao-nada.

Pedacos de nao-nada.

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