- Andas triste.
- Ando.
- Porquê?
- Ainda não percebi bem.
- O que te faz correr?
- Acho que todos procuramos ser felizes com o que temos. Acho que é isso.
- E não és feliz com o que tens?
- Eu não tenho nada!
- Não tens nada!?
- Não tenho certezas.
- E precisas de certezas?
- Ou de respostas.
- Então faz perguntas.
- Então pára de me pedir respostas.
- Tenho dificuldade em perceber-te.
- Também eu. Quero dizer, a ti não. A mim.
- Se calhar não andas a fazer as perguntas certas.
- Mas será que as há?
- Não sei. Eu por exemplo nasci já com as respostas de que precisava. Em ti, vejo que vives de perguntas e evitas as respostas. Acho que tens medo das respostas.
- Se calhar tenho medo das respostas.
- Mas és feliz?
- Sou. Mais do que isto não sei se poderei ser.
- Porquê?
- Porque quando se faz perguntas, como eu, e se sabe que não há respostas certas, refugiamos a nossa felicidade no próprio facto de questionar.
- Então pronto, questiona e és feliz.
- Não. Repara: toda a questão tem como finalidade ser respondida. Se baseio a minha felicidade numa Pergunta, e se essa pergunta exige uma resposta, só estarei completa quando encontrar a resposta.
- Mas acabaste de dizer que és feliz a perguntar!
- Feliz sim, mas não completa.
- Ah então és feliz mas incompleta.
- Sim. Se calhar podemos pôr as coisas assim.
- Mas tens de perceber que nunca vais ser completa. Existe demasiado, para alguém se completar.
- Tu completas-me.
- Que querida. Mas sabes que somos só amigos.
- É por isso que ando triste.
Entre amigos
Posted by
Unknown
|
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
0 comments:
Post a Comment