Obrigado!


Viajar sozinho é, para todos os efeitos, uma experiência pessoal. De certa forma, e apesar das pessoas que se conhece e com quem se partilham Momentos, a memória da viagem será sempre individual, solitária. Isto é um grande perigo, pois põe em causa a Sobrevivência da viagem, que fica tenuamente ligada à frágil memória da pessoa que a viveu.

Ao passar para este blog os meus dias, e ao ver como era acompanhado por quem me lia, encontrei uma forma de legitimar a minha viagem, de a tornar real, na medida em que os Leitores eram a prova palpável de que eu estava a viajar e a garantia de que essa viagem nunca se perderia nos corredores incertos da memória.

E, quanto mais comentários lia, mais vontade tinha de partilhar, pois sabia que estava a viajar acompanhado. Os meus Leitores foram, para mim, um companheiro tão amigável e tão exigente como se estivessem a viajar comigo. Talvez por isso tenha, por eles, passado tantas horas em cafés de internet moribundos, escrevendo furiosamente em teclados hebraicos duros como pedra. Talvez por isso tenha cogitado mentalmente frases que resumissem o que sentia, durante o dia. Por vezes, dava por mim a sentir em frases; isto é, ao mesmo tempo que sentia, transformava os sentimentos em palavras.

Se bem que eu o fizesse com o simples propósito de proporcionar ao meu Leitor, mais tarde, uma leitura o mais aproximada possível dos meus sentimentos, esta é uma experiência curiosa e muito mais importante do que parece: colocar sentimentos em palavras é o maior desafio e o maior constrangimento da comunicação humana. Jamais serão as palavras suficientes para exprimir o que pensamos. Portanto, quanto mais tentarmos, melhor nos compreenderemos mutuamente.

Seja como for, porque foram a minha motivação e a minha crítica, dirijo a palavra - pela primeira vez neste blog, que sempre foi dirigido ao Abstracto - directamente aos meus Leitores durante esta viagem: Obrigado!

Deu-me imenso gozo ler os vossos comentários e, sem eles, facilmente teria perdido a motivação para escrever. Apesar de nunca ter respondido directamente a ninguém, procurei incorporar os vossos comentários, perguntas e expectativas nos meus textos seguintes. Daí que estes textos também sejam vossos.

Esta lenga-lenga parece totalmente absurda mas, dado que o blog é meu, resvervo-me o direito de estar aqui com lamechiches até me apetecer. Se o faço, é porque sinto mesmo que o vosso acompanhamento foi importante e quero deixar-vos isso claro.

Foi muito divertido ler desconhecidos gostarem do que eu escrevo e, ainda mais, saber que agradei aos meus amigos.

Vou continuar com a política de não responder aos comentários um a um, mas ao/à defensor/a ofendido/a dos hippies, gostava de lembrar que não é por uma pessoa me salvar a vida que mudo a minha opinião sobre ela: na verdade, um Ser Humano salvar a vida a outro é um acto normal e obrigatório, que não me merece louvor especial. O inverso é que merece crítica.

E agora, maisde1000vozes volta a Lisboa. Os que continuarem a ler, não esperem muito disto: servirá, como sempre, para descarregar Energia.

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

0 comments:

Post a Comment