Monday morning

Hoje voltei a acordar tarde. Geralmente o despertador começa a tocar às 8 e vou adiando até às 8.30, altura em que me levanto e despacho a tempo de chegar ao trabalho, a pé, às 9:30.

Já hoje, quando saltei da cama assustado com o atraso que se avizinhava, eram 9 da manhã.

Tomei um duche a correr e descobri que não tinha espuma de barbear nem lâminas novas, pelo que me deparei com a dolorosa perspectiva de um lento barbear a sabonete e lâmina usada, ainda para mais depois de dois dias de barba rija.

Enquanto chapinhava na água do lavatório e arrancava a custo a magnífica barba que me tornara num maravilhoso galã durante o fim-de-semana, tocava a “Garota do Ipanema”, em inglês, no rádio ao meu lado. Quando acabou, começa uma guitarrada brasileira que prontamente identifiquei como a “Garota Nacional” dos Skank. Nisto eram obviamente para lá das 9:20 da manhã.

Felizmente, por esta altura a barba já tinha desaparecido quase toda da minha cara luzidia e só me restava espalhar o after-shave sobre a pele irritada, no que ouço o locutor dizer, numa voz agarotada:

- Tivemos a Garota do Ipanema, primeiro, seguido da Garota Nacional. Porque é de garotas que nós gostamos!

E eu, que por aquela altura devia era estar a pensar na hora absurda a que ia chegar ao trabalho, no calor da caminhada apressada até lá e na chatice de ainda ter de meter um fato, tive a espantosa reacção de falar com o rádio num cúmplice e infantilmente descomprometido..

- Ah pois é!..

..após o que me olhei ao espelho com o sorriso impecável da cara lavada e pensei, para comigo, que se as minhas fantasiosas suposições sobre o outro lado do espelho forem verdadeiras, alguém deve ter soltado uma alegre gargalhada enquanto me mirava do lado de lá da imagem abonecadinha que eu via no meu reflexo.

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