Está uma luz transparente em Lisboa. O Sol reflecte-se nas pocinhas de água e chapinha nas imagens que saltitam em gotas. Mil pessoas multiplicam-se em fragmentos de luz, e espalham-se pela calçada reluzente a cada passo molhado de quem passa. Um frio sem vento absorve os passos e as poucas nuvens, e funde-se com os raios abstractos que iluminam amarelados todas as avenidas. Nos carros vemo-nos ao espelho antes de desaparecermos e surgirmos de novo no próximo charco, na próxima porta metalizada. O castanho dos sobretudos ensonados funde-se com as copas despidas das árvores, algumas amarelas, como o movimento dos táxis que passam. Não há cinzentos hoje, nem em mim nem nas tímidas nuvens, que já fogem amedrontadas, assustadas com esta manhã luminosa.
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