- Pá tenho imensa inveja daqueles gajos que tocam viola.
- Viola?? Porquê??
- Porque podem dizer tudo o que querem a uma gaja.
- Como assim?
- Pá pegam naquilo, dão duas ou três vezes ao dedo e dizem: “gosto de ti”.
- E elas?
- E elas o quê?
- Elas percebem?
- Percebem o quê??
- Foda-se parece que és burro. Percebem que eles as curtem?
- Geralmente, percebem. As gajas topam tudo pá.
- Sim, mas um gajo pega numa viola, compõe uma música, toca à gaja que curte...
- Sim...?
- Ela vai ouvir e perguntar: “Curtes-me?” ?
- Nao foda-se! Ela olha pó gajo e diz: “Tá engraçada a música.” E pensa: “Meu Deus, que cena! Este gajo compôs este som brutal só para mim!”
- E ela curte isso?
- Curte.
- E não mostra pois não?
- Não.
- Mas pode gostar da música e mesmo assim não tar nem aí para o gajo.
- Também pode.
- Então a música não serviu de nada.
- Serviu pá. Serviu para ela ver que ele perde tempo a pensar nela.
- Então e depois como é que ele topa que ela o curte?
- Não topa.
- Não topa??
- Não.
- Então como é que um gajo há-de saber se pode ter alguma coisa com ela?
- Nao sabe. Arrisca.
- Arrisca?
- Sim.
- E se não arriscar?
- Se não arriscar nunca vai saber!
- E se arriscar e levar com os pés?
- Vai para casa contente na mesma..
- Vai?
- Vai, por duas razões: primeiro porque pelo menos mostrou-lhe o que quer dela..
- E segundo porque pode usar a música com outra!
- Não sejas alarve!
- Então a segunda qual é?
- É que um gajo se mostrar o que quer, assume. Dá a cara. Faz-se homem!
- Mas às vezes até é melhor um gajo não arriscar, não achas?
- Pá não. Porque é que achas isso?
- Se não há conexão entre duas pessoas, isso nota-se!
- Sabes que um gajo só nota aquilo que quer notar..
- Tás a dizer que és ingénuo ao ponto de achares que uma miúda que não tá nem aí pa ti se calhar até tá interessada?
- Sou um bocado sonhador sou..
- Falas muito mas arriscas pouco, que eu bem te conheço.
- Eu não toco viola pá.
- Otário e não tens outras maneiras de tentar ser especial?
- Bem, tenho sempre o blog..
- O blog??
- Sim posso escrever textos dedicados a quem me apetecer.
- Sim mas aí ela pode não perceber que é para ela..
- Percebe, percebe..
- O texto do espelho era para ela?
- Não!
- E este?
- Este?
- Sim.
- Este é.
- Então tás-me a usar cabrão!!
- Tou!
- E tás a ser personagem do teu blog. É raro não é?
- Raríssimo.
- Espero que ela valha a pena!
- Vale!
- E que curta isto que andamos para aqui a palrar!
- Vai curtir...
- E que te curta a ti!
- Não curte.
- Não curte?!
- Estranhamente, não.
- Como é que sabes?
- Porque não se pode estar apaixonada por um gajo e curtir outro!
- Poder pode..
- Sim mas esta não é assim..
- Como é que sabes?
- Não sei!
- Então talvez ela até te ache alguma piada!
- Eh pá eu no lugar dela achava!!
- Ah pronto, tinha-me esquecido que estava a falar com o maior pito de Lisboa!!
- Tá calado!
- E ela, é gira?
- Não tanto quanto se acha!
- Ah acha-se a última coca-cola?
- Acha-se!
- E é?
- Nalgumas coisas, é!
- Em quê?
- Vou guardar para mim o que gosto nela!
- Não confias em mim?
- É preciso repetir que as paredes têm ouvidos?
- Oops desculpa. Tinha-me esquecido que sou personagem de um diálogo. Não estou habituado a ser famoso.
- Seja como for, acho que já disse o suficiente!
- Vamos beber copos?
- Bora.
- E meter-nos com gajas?
- Com todas!
- Todas!?
- Todas.
- E eu a achar que curtias esta..
- E curto..
- Então para que queres as outras?
- Tava a brincar pá. Vá bora.
- Mas é um caso perdido, ela?
- Ela?
- Sim, tipo: ela e tu?
- Acho que é.
- E baixas assim os braços?
- Sou um tuga desarmado numa emboscada no meio da selva do Zaire.
- Ãhn??
- Esquece. Bora pos copos.
- Mas baixas os braços ou não?
- Este texto parece-te de alguém que baixou os braços?
- Parece-me de alguém que tem alguma lata..
- Não tenho nada a perder.
- Não bates bem.
- Somos dois.
- Eu e tu?
- Eu e ela!
- Bem, pelo menos isso têm em comum!
- Bom, levas o carro?
- Não.
- Então bora de táxi.
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