Chegaste à pista de baixo e não fazes ideia a quantas andas.
Hoje foste sair com eles todos. Chegou Junho e os teus amigos que vivem fora vieram passar alguns dias a Lisboa. Os que vivem cá já andam em altas e vivem as madrugadas até o sol os avisar de que ainda falta dormir umas horas até voarem de cabelos ao vento até à praia no dia seguinte.
Ultimamente, a cidade anda fresca mas aconchegada por aquele solzinho de verão que já mostra os ombros queimados daquelas brasas que são as lisboetas. Tens-te pirado cedo do trabalho e aproveitas os fins de tarde nos miradouros a trocar boa disposição com quem te quiser ouvir. Adoras olhar em volta e ver aquela quantidade de pessoas de chinelos e roupa de praia, com os cabelos desgrenhados de quem ainda não tem as tuas responsabilidades. Mas não tens inveja: também já foste assim, e aproveitaste à grande o teu momento. Além disso, já sabes que sábado és tu que vais passar o dia na praia, e o fim de tarde a virar Bohemias geladinhas. Ou sangrias. Não te importa.
Mas agora é sexta. É sexta e, num torpor de músculos aos pulos, recordas a jantarada com os teus melhores amigos, todos juntos a rir ao ar livre. Cheira-te a manjerico e a sardinha assada. O dia já nasce, sabe-lo, porque acabaste de o ver nascer na varanda do andar de cima. Estavas acompanhado, e bem. Mas agora estás sozinho.
Estás sozinho na pista de baixo e voas entre cá e lá, já a suar um dia de praia cheio de gatas e mergulhos no mar. Olhas em volta e vês o teu melhor amigo a rodopiar sobre si, ele que aterrou há menos de um dia, se calhar só para viver esta hora na pista de baixo. Está maluco. De olhos fechados e mãos no ar.
Não é só ele. Tu e todos os outros também se soltam e ouvem um somzinho que vos entra bem dentro e vos levanta do chão numa espiral de madrugada. Estás num momento só teu e não há olhar que consiga compreender-te naquele momento.
Quando a pista fechar, vais ouvir as vozes que se levantam e olhar as outras caras a acordar da loucura que partilharam. Dás um abraço ao teu amigo e dizes-lhe como adoras que ele esteja em Lisboa. Saem os dois e o rio amansado manda uma brisa fresca que limpa o calor que vos mancha as t-shirts.
- Ouve lá, tens dinheiro pó táxi?
- Tenho. Depois dás tu boleia pá praia.
- Tá bem! Tão bora!
- Pera aí, pera aí!
- Quéque foi?
- Aquilo não são as bifas de há bocado?
- São!
- São boas pá!
- Realmente a luz do dia não as estragou..
- Eram daonde as gajas?
- Alemãs acho eu.
- Hum..
- Hum…
- Hey! Do you need a ride home?
Como gostas de Junho em Lisboa!..
Hoje foste sair com eles todos. Chegou Junho e os teus amigos que vivem fora vieram passar alguns dias a Lisboa. Os que vivem cá já andam em altas e vivem as madrugadas até o sol os avisar de que ainda falta dormir umas horas até voarem de cabelos ao vento até à praia no dia seguinte.
Ultimamente, a cidade anda fresca mas aconchegada por aquele solzinho de verão que já mostra os ombros queimados daquelas brasas que são as lisboetas. Tens-te pirado cedo do trabalho e aproveitas os fins de tarde nos miradouros a trocar boa disposição com quem te quiser ouvir. Adoras olhar em volta e ver aquela quantidade de pessoas de chinelos e roupa de praia, com os cabelos desgrenhados de quem ainda não tem as tuas responsabilidades. Mas não tens inveja: também já foste assim, e aproveitaste à grande o teu momento. Além disso, já sabes que sábado és tu que vais passar o dia na praia, e o fim de tarde a virar Bohemias geladinhas. Ou sangrias. Não te importa.
Mas agora é sexta. É sexta e, num torpor de músculos aos pulos, recordas a jantarada com os teus melhores amigos, todos juntos a rir ao ar livre. Cheira-te a manjerico e a sardinha assada. O dia já nasce, sabe-lo, porque acabaste de o ver nascer na varanda do andar de cima. Estavas acompanhado, e bem. Mas agora estás sozinho.
Estás sozinho na pista de baixo e voas entre cá e lá, já a suar um dia de praia cheio de gatas e mergulhos no mar. Olhas em volta e vês o teu melhor amigo a rodopiar sobre si, ele que aterrou há menos de um dia, se calhar só para viver esta hora na pista de baixo. Está maluco. De olhos fechados e mãos no ar.
Não é só ele. Tu e todos os outros também se soltam e ouvem um somzinho que vos entra bem dentro e vos levanta do chão numa espiral de madrugada. Estás num momento só teu e não há olhar que consiga compreender-te naquele momento.
Quando a pista fechar, vais ouvir as vozes que se levantam e olhar as outras caras a acordar da loucura que partilharam. Dás um abraço ao teu amigo e dizes-lhe como adoras que ele esteja em Lisboa. Saem os dois e o rio amansado manda uma brisa fresca que limpa o calor que vos mancha as t-shirts.
- Ouve lá, tens dinheiro pó táxi?
- Tenho. Depois dás tu boleia pá praia.
- Tá bem! Tão bora!
- Pera aí, pera aí!
- Quéque foi?
- Aquilo não são as bifas de há bocado?
- São!
- São boas pá!
- Realmente a luz do dia não as estragou..
- Eram daonde as gajas?
- Alemãs acho eu.
- Hum..
- Hum…
- Hey! Do you need a ride home?
Como gostas de Junho em Lisboa!..
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