Sobes?

Cheguei à empresa depois do almoço e preparava-me para me meter num elevador quando me apercebo que a quantidade de gente à porta excedia a carga máxima para quem quisesse estar confortável com a segurança da ascensão.

Uma vez lá dentro, eu, que gosto tanto de andar de elevador como de andar de avião – zero - ao ver o elevador a encher indiscriminadamente com gordos e gordas, pedi licença aos meus prezados colegas e saí porta fora.

Olharam-me com o ar espantado de quem acha que os elevadores a abarrotar alheiras e cozido à portuguesa são a coisa mais segura do Mundo e, quando finalmente me esquivei daquela massa humana enfiada num cubo de metal e me pus à porta à espera do próximo – numa cena que eles devem ter julgado de louco – houve um que me perguntou, com a máxima cordialidade:

- Então Luís, não vens??

E eu, aliviado por ter fugido à morte certa, olhei-o com aquele ar arrebitado de herói em decadência e respondi, palavra por palavra, debitando jocosamente cada letra da afirmação na segurança viva dos meus 70 kilinhos:

- Deixa tar pá. Prefiro ir num que não caia.

E foi vê-los arregalarem os olhos de pavor quando olharam em volta para a quantidade de iguais que se apertavam naquele espacinho, e esganarem-se por um lugar cá fora, enquanto a porta se fechava, devagarinho, encafuando-os naquela sardinhada de vapor, ao som das minhas gargalhadas divertidas.

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